sábado, 26 de maio de 2018

Ultrassom x Chocolate

em sábado, 26 de maio de 2018

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Já faz um bom tempo que escuto a frase "doutora, vamos ver o sexo do bebê hoje não é? Já comi o chocolate!". Como a moda era mais ou menos nova, comecei a entrar na brincadeira: ao me perguntarem se o bebê iria mostrar o sexo, eu mesma respondia com outra pergunta - "Depende: você comeu o chocolate???"
                                        

E assim seguíamos em frente, realizando o que melhor faço no mundo: mergulhar na imagem do aparelho junto com os pais e levá-los a um passeio ao interior do útero, onde seu maior tesouro está se desenvolvendo: uma verdadeira viagem!

Então reparei que muitas vezes o exame tornava-se tecnicamente difícil de ser realizado: alguns exames tive que remarcar para outro dia, pois até o final do período de tempo reservado para o mesmo, o "sujeito" não tinha parado quieto um segundo para eu realizar as medidas e os registros com a exatidão necessária. Certa vez até perguntei para a paciente: "O que houve, tomou toddinho hoje?"

O chocolate por ter alta alta carga de carboidratos (cerca de 2/3 de sua composição) associado a substâncias estimulantes, como a teobromina e cafeína (pequena proporção) está associado com hiperatividade, aumento da sensibilidade e aumento de frequência cardíaca verificado em estudos com animais. Podemos pensar o mesmo para o feto.

Além disso pode aliviar, por estímulo sensorial prazeroso, a ansiedade materna: GRANDE causa em minha prática clínica para posições fetais desfavoráveis. A explicação é simples: adrenalina passa a barreira placentária! Sob estímulo desse hormônio de stress agudo muitos fetos assumem posição de "defesa", encolhendo-se totalmente e ficando imóveis. Apenas após muita conversa é que a paciente relaxa, praticamente já desistindo de ver o sexo, e então como por "milagre" o feto também relaxa e permite que seja visibilizado o espaço que contém a informação crucial: é menino ou menina? 

Logo, temos dois pontos de vista: embora verdadeiramente o chocolate antes do ultrassom melhore os movimentos fetais, pode dificultar o diagnóstico.

Para utilizarmos do bom senso, vamos fazer um trato então: que tal evitar o consumo nos exames mais críticos como os morfológicos e estudos com doppler, deixando-o para exames intermediários onde acompanhamos o crescimento e peso fetal? Ou limitamos seu consumo a pequenas quantidades: 20 ou 30 gramas ingeridas entre 15 e 30 minutos antes do exame, de um bom chocolate (ao menos 50% de cacau).

Ah, principalmente: não esqueçam-se dos médicos ultrassonografistas, eles também podem gostar de chocolate!!!!


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